Ainda há esperança


Ah, esse destino brincalhão, escolhe a hora exata para esfregar na sua cara que você estava errada sobre tudo, que essa armadilha de fechar os portões e não deixar ninguém entrar é besteira, junto com isso trouxe a impossibilidade de permanecer, é difícil não perceber que tudo que você procurava existe e que por mais inviável que seja, você sente aquela pontinha de decepção por não ter um tempo a mais para aproveitar de novo cada gesto que segurou, cada beijo que não deu, por puro medo de ser feliz mesmo que temporariamente. 

Acredito muito que tudo acontece por algum motivo, e com certeza a vida só quis me mostrar mais uma vez que eu estava errada em não permitir, que eu estava enganada ao achar que não iria existir algo que eu sempre quis, inerente a este vazio que ficou vem uma saudade daquilo que nunca acontecerá, mas ainda dá pra sentir a presença, o cheiro, as mãos dadas, dedos cruzados, troca de sonhos, olhares surpresos, aquela segurança de saber que o tempo é limitado e que quando acaba você queria que durasse um pouco mais, e percebe que de repente está rindo sozinha, porque percebeu o quanto a vida é estranha, hora errada, lugar errado, tudo certo mesmo assim.

Se isso aconteceu só pode ter uma razão, essa que talvez eu descubra um dia, mas encontrar de repente e perder tão facilmente aquilo que sempre desejei é no mínimo um sinal de que ainda há esperança, e que desistir agora não é uma opção, ainda que a pressa seja relativa, mas só de saber que em algum lugar pode existir aquilo que se quer, abrem-se um milhão de possibilidades e fechar a porta agora é no mínimo bobagem, pois pode acontecer num sábado qualquer, num lugar qualquer, tudo aquilo que se quer.


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