E aí você está numa festa,
rodeada de pessoas bonitas, se perguntando se alguém já reparou que você está
ali parada mexendo no celular pra fingir indiferença, porque a noite está chata
pra caramba. Você olha para o lado e todos estão sorrindo, e você querendo que
te contem a piada, mas não quer passar por enxerido ou de excluído. E resolve
ir ao banheiro só para poder avisar aos demais que você ainda existe e pede
para alguém olhar a sua bolsa. Chega, se olha no espelho e pensa “mas que estratégia
inútil, vou beber e começar a falar umas besteiras pra ver se melhora”. Ninguém
repara que você chegou, mas um deles escuta que você pediu tequila e já chama a
turma toda pra brindar com um shot, então a tequila chega, todos interagem e
elevam os copos na base da gritaria, e você se incomoda porque as pessoas
precisam gritar e fazer escândalo por uma coisa tão boba que você usou como
desculpa para poder interagir. Começa a pensar se você é muito chata mesmo ou é
apenas a tequila fazendo efeito, senta de novo esperando que alguém queira
descansar os pés, mas não, estão todos contentes e dançando como se não
existisse salto agulha nesse mundo. A noite vai passando e você toma pelo menos
mais duas tequilas, alguns puxam conversa, mas você não liga até porque não
gosta de gente que não conhece, e os que conhecem foram lá interagir com os
fumantes apesar de não fumarem. Até que você cansa de ser excluída e resolve ir
embora. Encontra uma amiga na fila, repara no quanto ela engordou e sem querer
diz isso a ela, que logo se despede e volta pra festa. Paga a conta, da um
sorriso amarelo para o segurança, acena com desdém para os amigos. Chega em
casa, e depois de toda a maratona para remover a maquiagem e creme de cabelo
para dormir linda, pensa consigo mesmo “o inferno são os outros”, mas não, você
que é chata mesmo.
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