Ela é uma bagunça, parece que
nasceu do avesso. Ela não consegue entender o que está fazendo nem quando está
de fato fazendo, o estranho é encontrar sentido somente quando olha naqueles
olhos castanhos com manchinhas verdes que a hipnotizam e a deixa ruborizada a
maior parte do tempo. Ele diz que ela é mesmo muito confusa, cada hora fala uma
coisa e não consegue entender os motivos dela ser assim, ele diz que ela não
tem solução e ela diz que ele está errado. Ela vive no mundo da lua, muda
rápido sobre a visão das coisas, mas não por ser indecisa e sim por conseguir
ver todos os lados do quadrado mágico de uma maneira que ele não enxerga. Ela se
entrega e ele mente para ele mesmo, ela se ocupa de coisas bobas e ele lê
jornal todos os dias durante o almoço. Ela vive sorrindo e chorando como se
fosse puro sentimento, ele fica com cara amarrada achando o máximo ser chato. Para
ela é impossível dar certo, pra ele é a pior guria que poderia ter aparecido. Já,
quando estão juntos, para ela o tempo é rápido e para ele não é possível parar
de sorrir. Deveria ser o suficiente. É perfeito, para ele, não existe pessoa
mais linda quando olha no fundo daqueles olhos verdes refletidos pelo cabelo
tingido de vermelho, a pele branca como neve e ele acha que poderia dar certo
um dia, se ela não fosse essa bagunça que é. É perfeito, para ela, ele fica
lindo contando aquelas piadas chatas, que ela acha graça sem entender o por que.
Seria simples se fossem pessoas diferentes do que são. Ele não acredita muito
em amor, ela viveu só disso por um bom tempo, ela flutua e ele manca. Ela canta
no banheiro e ele fica fazendo poses fisiculturistas no espelho. Ela joga o
cabelo e ele passa gel com pente. Seria perfeito para ela se eles tivessem se
conhecido a uns 4 anos atrás quando ele ainda tinha uma vida universitária
agitada, e para ele seria perfeito se eles tivessem se conhecido quando ela
tivesse um emprego estável e um carro no lugar da bicicleta. Ela quer ter o
mundo, ver as maravilhas do mundo com os próprios olhos e correr contra o vento
sempre que possível, ele só viaja a trabalho e nunca sai do hotel. Ah, mas
quando estão juntos ela o faz ir a restaurantes mexicanos com direito a “sombreiro”,
música típica e comidas picantes. Ele a faz ir a orquestras, peças de teatro
internacionais e a restaurantes que se paga uma fortuna por meio prato de
comida. Ela deixa o som alto do carro e vai cantarolando junto com as músicas,
e sorrindo para qualquer pessoa que passe ao lado. Ele enquanto dirige tem vontade de
jogar o rádio pela janela e mandar todos saírem de sua frente. Um dia sentada
na varanda tomando tereré ela parou para pensar e concluiu que isso poderia dar
certo. Ele, um dia com tempo livre no escritório, decidiu que vai dar certo. Duas
pessoas tão destoantes, tão diferentes, tão surpreendentemente feitas uma para
o outra. Ela não vive sem ele, ele coloca as coisas perdidas de sua cabeça no
lugar e ela ameniza o mau humor dele além de bagunçar seu cabelo de vez em
quando, juram que se amam. Vai entender...
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